O pensamento complexo e o futuro da formação analítica
uma introdução
DOI:
https://doi.org/10.60106/rsbppa.v18i2.600Palavras-chave:
Determinismo, Epistemologia, Formação analítica, Modelo empírico, Psicanálise, Pensamento complexo, LimiteResumo
O autor examina o impacto do pensamento complexo na formação psicanalítica. Parte da ideia de que patologias que anteriormente não eram passíveis de análise constituem-se na grande maioria de pessoas que procuram tratamento. Salienta que as rápidas mudanças que ocorrem no mundo atual levam os representantes da transmissão do conhecimento analítico a necessitarem adaptar-se ao momento. Chama a atenção para o fato de que a psicanálise vem sofrendo modificações nas quais o modelo anterior, empírico, de cunho positivista convive com o que se costumou denominar de pensamento complexo. Acredita que tal mudança é fundamental para o futuro da psicanálise em função de que o indivíduo é menos influenciado pelas pulsões e mais motivado pela necessidade de relação e de adaptação em um universo que se tornou mais ambíguo, complexo e dialético. Discorre sobre o paradigma da simplicidade salientando que ele é baseado no princípio da autoridade e em um conceito mestre dos quais os outros derivam. Já o pensamento complexo nunca será redutível a um conceito mestre, nunca será previsível. Acredita na necessidade das disciplinas dialogarem entre si porque nenhum sistema de conhecimento tem capacidade suficiente de conceber-se, explicar-se e se sustentar em seus próprios fundamentos. Pensa, também, que é necessário abandonar o princípio da certeza, da previsibilidade, da posição de autoridade sobre o paciente. Existe uma interação entre o paciente e o terapeuta que se denomina de intersubjetividade. Os modelos de complexidade irão introduzir novas categorias nos quais não se isolam objetos, mas estudam redes de objeto em um contexto no qual seria necessário acrescentar ao pensamento complexo a noção de rede, de atividade multidisciplinar e revisar o conceito de limite que na prática trata de sabermos não o quanto estamos separados do outro, mas o quanto estamos fazendo associações conforme ilustra seu exemplo clínico. Pensa que o futuro da formação analítica reside em mantermo-nos atentos ao risco de isolamento, ao mesmo tempo em que, sem abandonar os princípios básicos da psicanálise, procuremos permanentemente evoluir, mantendo-nos inseridos na rede, compreendendo que em lugar de um pensamento hierárquico, temos um pensamento heteroárquico. Finaliza enfatizando que o conhecimento de que o intercâmbio entre a visão clássica determinista e o pensamento complexo é parte essencial do trabalho clínico e da transmissão psicanalítica, pois a relação entre causas e acaso é parte indissolúvel da nossa experiência.
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