O desespero arrebatador de Francis Bacon, um pintor estranho

Autores

  • Lorete Mattos CEPdePA

DOI:

https://doi.org/10.60106/rsbppa.v22i2.764

Palavras-chave:

Arte, Processo criativo, Psicanálise, Pulsão de morte

Resumo

O objetivo do texto é examinar o processo criativo de Francis Bacon, que trabalha uma mistura entre realismo, surrealismo e violência, atravessado pela pulsão de morte. Amparado no texto freudiano de 1919, O Estranho (Das Unheimliche), busca-se refletir sobre as semelhanças do processo criativo de Bacon com a técnica psicanalítica, e com uma autoanálise, nos seus autorretratos. Ao abrir mão de escolhas conscientes e se deixar levar pelo acaso, Bacon exercita algo aproximado à associação livre na análise, abrindo uma fenda por onde o inconsciente possa fluir. Busca um estado mental que permita, ou ao menos favoreça, o afrouxamento das amarras rígidas do superego e lhe possibilite dar vazão à sua agressividade sem culpa. Pintados repetidamente, os autorretratos são a expressão desesperada de sua solidão. Bacon revira analítica e friamente o seu próprio rosto, submetendo-se à mesma violência que imprime nos outros retratos, de modo insatisfeito e obsessivo.

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Biografia do Autor

Lorete Mattos, CEPdePA

Psicanalista. Membro associado do CEPdePA.

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Publicado

10.07.2020

Como Citar

Mattos, L. (2020). O desespero arrebatador de Francis Bacon, um pintor estranho. Psicanálise - Revista Da Sociedade Brasileira De Psicanálise De Porto Alegre, 22(2), 201–217. https://doi.org/10.60106/rsbppa.v22i2.764

Edição

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