É possível ajudar um assassino? Reflexões a partir do documentário O ato de matar, de Joshua Oppenheimer

Resumo

Na década de 1960, ocorreu, na Indonésia, uma onda de assassinatos perpetrada não somente pelas forças armadas desse país, como também por esquadrões da morte formados por populares. Tais eventos, denominados de “genocídio indonésio”, por conta do regime ditatorial vigente, só recentemente puderam ser investigados. O diretor Joshua Openheimer havia planejado filmar a história dos descendentes dos mortos para um documentário, mas o número de assassinos que se apresentaram para explicitamente descrever seus atos foi tão grande que ele mudou seu foco. Surgiu daí o longa-metragem O Ato de Matar, composto pelos relatos e pelas encenações daqueles que perpetraram as mortes. A partir da leitura da obra em questão, o autor deste artigo faz uma breve revisão histórica dos eventos, descreve as tentativas de sua compreensão, aborda os possíveis elementos que favoreceram os massacres, confronta os sintomas dos assassinos com o binômio saúde/doença e reflete se seria possível (e de que maneira) ajudar tais pessoas.