Psicopatologia da violência de adolescentes difíceis
no âmago de situações iniciadas precocemente
DOI:
https://doi.org/10.60106/rsbppa.v15i1.484Palavras-chave:
Adolescência, Delinquência, Psicopatologia, Lei, VínculoResumo
A adolescência é um período de vulnerabilidade psíquica, pois impõe ao adolescente uma nova fase no longo processo de separação com o qual é confrontado desde o nascimento. Sexualizando a relação com os outros, inclusive, de forma mais ou menos consciente, no seio da família, a puberdade impõe ao adolescente uma nova distância em relação aos seus objetos infantis. A adolescência traz, assim, a questão da separação e dos vínculos para o centro da problemática desse período do desenvolvimento. Encontrando-se diante do desafio de resolver sozinho os problemas que essa separação obrigatória lhe traz, o adolescente é principalmente confrontado com tudo o que lhe resta de sua dependência anterior não resolvida em relação às personagens-chave de seu entorno familiar. Ele mobilizará todos os seus recursos psíquicos para enfrentar essa nova fase de separação. Na prática, esses recursos são limitados pelo próprio processo adolescente, o que conduz o adolescente a investir em ato e sensação para desinvestir a mentalização e o processo psíquico, na mesma proporção dos sentimentos de dependência que ele tenta assim dominar. Esse recurso ao ato e à sensação apresenta, contudo, um interesse maior: afetando a psique das pessoas do seu entorno, o adolescente faz dessas pessoas os portadores de uma parte da problemática exteriorizada através dos atos. As pessoas que cercam o adolescente são, então, levadas a usar suas capacidades imaginárias para dar um sentido a esses afetos invasivos induzidos pelos atos do adolescente; usam então suas capacidades empáticas para metaforizá-los (LEBOVICI, 1998), assumindo de forma protética o trabalho psíquico que o adolescente não consegue realizar, uma vez que age para não pensar. Especialmente útil em situação psiquiátrica, essa conceituação é também pertinente em outros contextos, educativos, judiciários ou pedagógicos, quaisquer que sejam as formas que assumem os atos do adolescente ou o rótulo que recebem. O artigo se refere especialmente ao exemplo das formas de violência na adolescência (principalmente nas condutas delinquentes) e das orientações que podem ser tiradas das diferenciações que resultam da adoção desse ponto de vista.
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Referências
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